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Foto do escritorDaniela Castro

Eu vejo e tu significantas: um retrato (a Sylvia Wynter) [prefácio]

Enquanto o chá de cravo, canela, gengibre

e noz moscada esfria um pouco, lembremos

que no inglês, o verbo “adjunct” resulta em

”as sociedades-plantações no Caribe surgem

adjuntas à sociedade de mercado.” Mas estamos

escrevendo nesse hoje pandêmico, com um

miliciano na presidência chamando genocídio

de “falta de cloroquina” e chacina de “operação

policial no Jacarezinho”. Optei por usar “as

sociedades-plantações do Caribe surgem como

prótese da sociedade de mercado; seus povos

emergem como prótese da monocultura da

cana de açúcar, que eles mesmos produziam.

“Prótese” sugere, já em sua imagem, a colisão

violenta do interesse econômico europeu contra

outros povos, outras ecologias e cosmogonias.

Ataque chamado de acidente; invasão apelidada

de chegada na maré baixa. Um acidente

em vigor há cinco séculos. Prótese sugere

artificialidade e dor. Prótese sugere atualização

das tecnologias de artificialidade e de dor.

Prótese descortina a barbárie como exercício de

construção de contextos para justificar a violência

epistemológica, ecológica e corpórea. História.

Noz moscada, dizem, é bom pra clarividência.

O chá não precisa de açúcar.


Sylvia Wynter e Daniela Castro em

leituraconversatradução de Novel and History,

Plot and Plantation, 1971-2021

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