Poema classificado - pushempurre edições
- Antonio Manuel, ipsis literis
- 23 de jan. de 2019
- 1 min de leitura
Uma cultura robusta e insistente no Brasil é falar e ou discorrer sobre qualquer assunto em sentenças longas, seja um assunto de cunho político – político de papo de bar, político de discussão sobre política, sobre golpes, geopolíticas, história política -, seja pessoal-afetivo-intimista no que se refere a um constante reeditar-se que ora libera, ora neurotiza, como se o ruído da fala, ou ainda do som da fala pudesse ensurdecer a si mesma e ao outro; ruído-cimento que constrói um muro entre a epiderme – órgão mais resistente do corpo – e o sistema linfático, na tentativa de proteger-se da agressão da história, da própria estória que, claramente, em países continuamente expostos a investidas econômico-militares-coloniais, essas duas esferas, a saber, a do sistema linfático de alguém e sua voz e da arquitetura osteoporótica artificialmente calcificada do Estado, se entrelaçam com mais facilidade e perversidade do que nos nortes, de forma que o ruído das vozes de sentenças longas servem, ao mesmo tempo, como dispositivo de escape da ansiedade, por vezes acentuando-a, e como ferramenta política do estarvivo contra a clínica da língua dominante. Eu detesto sentenças longas.
Poema classificado (a Antonio Manuel, com amor)
Um dia, uma capivara-anjo baixou
Pra conversar com um ipê roxo de vestido
No crepúsculo de Cubatão
Quando explode o horizonte patriarcal do “I” sempre maiúsculo, sempre másculo, sempre autor da sua própria auto-importância, mantenedor da e
CONVERSA DE FIM DE TARDE DEPOIS DE TRÊS ANOS SEMANAS NO EXÍLIO Os garçons empilhando as cadeiras você me olhando e me pedindo que fale...